Mais um dia, mais uma postagem. Gostaria de postar algo antes, mas tive uns contratempos, umas provas de arrancar os cabelos na facul. Penei pra passar em estatística, precisava tirar um 8 no mínimo, e tirei um 9! ÊÊÊÊÊÊÊÊ!!! Foi épico para mim... Mas dessa vez vou entrar de férias (atrasadas, viva a UFF por isso!!)
De uns tempos para cá, muita coisa mudou em minha mente e, por isso mesmo, estou passando por novas situações na vida... E, se tem algo que aprendi de concreto ensinado pela vida dentre outras lições em pouco tempo, é o quão importante você compartilhar a sua vida com as outras pessoas próximas. Principalmente nos momentos mais críticos. Mas, a regra de ouro é essa: Seja um ser social! Se está alegre, deseje estar com seus amigos... Se triste, derrame seu coração para alguém de confiança. Ame as pessoas, viva intensamente os momentos com as pessoas amadas, brinque, não tenha medo do ridículo... Quando você vai aprendendo essa leveza da vida,e você começa a sorrir com facilidade, as outras pessoas são atraídas por você nesse processo.
Mas, infelizmente, são poucos os que pensam assim, até mesmo porque vivemos em uma realidade cada vez mais fria nos grandes centros urbanos. O fenômeno da multidão solitária é algo cada vez mais presente nas grandes cidades. Estamos cada vez mais anti - sociais, principalmente o quinhão mais rico das urbes, e isso está acabando com a vida em sociedade... Pra ilustrar isso, eu li um texto de um autor chamado Otávio Marhofer Dutra, que fala sobre essa realidade em Florianópolis, segundo a ótica dele, destacando também a diferença social como fator importante para essa distância existente entre as pessoas. Aqui vai ele:
Centro: Multidão Solitária; Solidão MovimentadaOtávio Marhofer Dutra
Historicamente o centro da cidade se caracteriza por um espaço metropolitano extremamente movimentado e rico em detalhes da vida cotidiana. Há algum tempo, nem tanto, era um “prestígio” viver no centro. A burguesia florianopolitana ali habitava à medida que ele proporcionava praticidade rotineira e constante presença de relações interpessoais. Os pobres eram apenas empregados dos mais abastados.
Sempre marcado por ser um espaço de intensa movimentação humana, na região central de Florianópolis predomina o comércio. O centro a cada ano torna-se mais “popular”, os que ele freqüentam são trabalhadores, desempregados, donas de casa, ou seja, o “Povão”. A burguesia esta progressivamente trocando o centro “perigoso” e “mal freqüentado” pelo ar-condicionado e a fantasia do mundo ilusório e espetacular dos “Xópins”.
Além disso, mesmo freqüentado por milhares diariamente, a maioria , certamente, só lá esta por um único motivo: A procura incessante pela mercadoria da ditadura do consumo! O cotidiano central é a busca por bugigangas alienantes que dão razão e a são finalidade da sobrevivência como ausência de vida verdadeira. O convívio interpessoal só existe nos “esbarrões” entre a multidão ou na frase mais comumente nele pronunciada: Moço, quanto custa??
“O ritmo do centro metropolitano é marcado pelo horário comercial. Das 8h às 18h. Das 8h às 18h. Das 8h às 18h. Às vezes fecham para o almoço” Marmota .
O centro é um lugar de “confronto” de classes. Os trabalhadores ainda dividem a rua com os carros de vidro fechado da burguesia. A poucos metros de um edifício de escritórios estão numerosas atividades marginais. Lá fica o vendedor de passe, o cambista e o comerciante de raladores de cenoura. Poucas vezes algumas manifestações por especificidades dos trabalhadores ou estudantes (novembrada, greves, redução da tarifa do ônibus...) modificam a rotina da cidade por um curto período.
Resta aos antigos moradores do centro, tradicionalistas, lembrar o “velho” tempo em que as pessoas conversavam. A pressa existia, no entanto sempre sobrava um tempo pra uma partida de dominó ou uma paquera sob a sombra fresca da Figueira. A história, com suas lembranças dos dias passados, torna-se consolo no atual centro.
A criatividade do sobreviver leva alguma alegria aos que circulam. Os ambulantes divertem (ou irritam) os pedestres com seus comentários descontraídos do tipo: Moça bonita não paga mas também não leva... Artistas da rua alteram a rotina com belas manifestações de expressão. Muitos já nem se importam. Só fazem é correr em direção ao seu objetivo, o prazer é esquecido pela sucessão ofegante de gestos reproduzidos mecanicamente. Além do mais, a palavra “objetivo” caracteriza o cotidiano central de Florianópolis. Parece que todos o têm em seu caminhar. Mesmo os que ali estão para usufruir a variedade dos detalhes nas antigas ruas acabam contaminados pela cruel “pressa”. A Figueira que o diga. Parece que a pressa a tem contaminado também.
Nisso tudo os mendigos são os mais lúcidos. Pela correria do trabalho não se importam. A pressa não os contamina. A rotina é substituída pela surpresa cotidiana. Aliás, levam em suas garrafas a felicidade e, a eles, a multidão movimentada ameniza a solidão da sobrevivência.